A mãe possui grande influência no desenvolvimento de seus filhos e a sua presença é essencial para a estruturação das competências sociais e cognitivas da criança, principalmente na primeira infância, dos três aos sete anos.
O relacionamento paterno, no entanto, tem demonstrado ser igualmente importante nas relações humanas.
Aqui, fazemos um “parênteses”: hoje, já não falamos de pai como “marido da mãe”, em função da multiplicidade das famílias modernas, o “pai” pode ter sido substituído pelo avô, tio, namorado, companheiro, padrasto, companheira, esposa, etc… Inclusive, desvinculamos o “pai” de uma figura masculina, ele é apenas o “contraponto” da mãe.
O “imprinting sexual”
Quando crescem, as meninas tendem a escolher parceiros que sejam fisicamente parecidos com seus pais (o chamado imprinting sexual). Essa tese foi defendida por uma pesquisa realizada pela Universidade de Pécs, na Hungria.
Os resultados do estudo demonstram correlações significativas entre os parceiros e seus sogros em relação aos traços faciais (principalmente nariz e olhos). A pesquisa mostra, também, que esse imprinting desaparece quando a mulher não manteve uma boa relação com seu pai, sugerindo que a experiência influencia nessa associação e, não somente, a carga genética.
Estruturação psíquica e relações afetivas
Quando uma criança nasce, o seu vínculo com a mãe é enorme. Para Freud, a introdução do elemento masculino na vida da criança é o que promove a “quebra” dessa relação.
Esse fator é crucial para que a criança aprenda a lidar com o sexo oposto e a direcionar-se em suas relações afetivas. Para muitos estudiosos, o pai, ao “separar” a mãe e a criança, está contribuindo para que os pequenos não fiquem dependentes da relação primitiva entre mãe e filho, o que constitui em uma maior estruturação psíquica do indivíduo.
E um ponto de atenção aqui: quando falamos da separação da mãe e da criança não estamos falando de uma separação do casal. Mas, sim, daquela separação sadia e necessária para todos os envolvidos nessa relação (mãe, filhos, figuras paternas) que é a figura paterna passar um tempo de qualidade sozinha com a criança. Sem a presença da mãe. Como aquele momento de ir ao parquinho, de assistir um filme juntos, passear ou só brincar na sala, enquanto a mamãe toma um banho e descansa.
A presença da figura paterna no cotidiano da criança
No cotidiano da criança, a figura paterna possui diversas responsabilidades. Entre elas, estabelecer limites, estimular o desenvolvimento do caráter, ajudar na constituição da autoimagem, incentivar a construção da confiança e da autoestima e auxiliar no aprendizado do amor a dois.
Afinal, quando a figura paterna e a mãe formam um casal é desse exemplo de amor, companheirismo e carinho que a criança vai tirar os seus exemplos de como agir quando estiver no seu próprio relacionamento, tanto afetivo quando relacionamentos sociais, como entre amigos.
Além do exemplo
Os comportamentos da figura paterna auxiliam não somente na formação emocional e mental de seu filho, como também em outros fatores em sua vida.
Um estudo do M&K Health Institute, no Japão, demonstra que o ato de fumar dos pais influencia na trajetória hormonal das filhas mulheres. É possível, inclusive, que o hábito estimule a entrada precoce da menopausa.
Para os pesquisadores, o tabagismo na época da concepção pode afetar o desenvolvimento do embrião e as células do esperma, o que poderia levar a estes efeitos na vida da mulher.
Além, claro, do fato de que a criança vai crescer acreditando que comportamentos que estimulem o vício são bons.
Amor de “pai” e a personalidade do filho
A rejeição paterna também possui um papel de peso no desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Casos de rejeição foram associados a filhos com maior hostilidade, instabilidade emocional, sentimentos de inadequação e uma visão negativa frente a diversas situações.
Ainda, o carinho recebido pela figura paterna demonstra ser preponderante para o desenvolvimento da capacidade empática. Ele é essencial para o desenvolvimento do filho e relaciona-se a diversos fatores relativos à infância e idade adulta.
Por isso, mantenha-se presente na vida de seus filhos e garanta maior bem-estar para sua família. E lembre-se ninguém, absolutamente ninguém, nasceu preparado para ser pai ou mãe. E uma das melhores formas de se preparar para a paternidade e oferecer o melhor de si para sua criança é se conhecendo, investindo no seu autoconhecimento. E isso é alcançado por meio da terapia.